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Dízimo e cidadania: não deixe garrafas pelo caminho!

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10.05.2019 | 4 minutos de leitura

Dízimo e cidadania: não deixe garrafas pelo caminho!

Ouvi atentamente um bispo do interior de São Paulo, falava sobre uma experiência vivida por ele em uma romaria, aliás, intitulada Romaria da Terra. Algumas centenas de pessoas, umas com bandeiras, outras empunhando faixas, que denunciavam empresas que poluíam rios naquela região. A caminhada era longa. O grupo revezava em carregar também uma cruz que ao chegar ao rio foi mergulhada ao som de cantos e aplausos.

Só então que um dos organizadores aproxima-se do bispo e pede a ele a benção para encerrar. Foi quando o bispo que ao longo de toda jornada permanecera em silêncio falou: “creio que podemos iniciar nossa caminhada orando”. Todos se entreolharam, pois se esqueceram de orar. Após a oração, antes de dar a benção fez a seguinte observação: “muito bem, estamos cumprindo nossa jornada em prol da natureza, mas não basta cantar e empunhar bandeiras e faixas de denúncia é preciso antes evangelizar com exemplos. Percebi que, muitos aqui, jogaram suas garrafas de água ao longo do caminho. 


Como denunciar sem antes testemunhar? Vamos retornar então como viemos, mas agora, pegando as sujeiras deixadas. E dai sim, teremos como anunciar a Boa Nova”.

Em tempos de eleição ouvimos muito sobre cidadania, direitos humanos, e muitas promessas. A população torna-se alvo de um jogo imenso de interesses. Aliás, mais propriamente, um único interesse: o voto.

Nosso inesquecível Saramago dizia: “fala-se muito em direitos humanos, mas estamos nos esquecendo de refletir sobre os deveres. Acredito que se cumpríssemos nossos deveres para com o próximo, de sobremodo os menos favorecidos, não precisaríamos lutar tanto pelo correto cumprimento dos direitos”.

As comunidades eclesiais podem e devem ser escolas de cidadania. Uma gestão honesta, transparente e participativa é um caminho formador. Uma administração que visa o bem comum e que faça com que os recursos alocados retornem para o povo, torna-se uma administração de testemunho. Atender as dimensões religiosa, social e missionária de uma paróquia, com equidade e justiça, é o melhor modo de se ensinar cidadania.


As vezes denunciamos, reclamamos, julgamos, o governo e sua maneira de administrar, mas não observamos que ao longo do caminho alguns de nós vão deixando garrafas plásticas. É preciso que façamos o caminho de volta. Como? Revendo nossos métodos administrativos, investindo mais e de sobremodo na dimensão social, com projetos que dignifiquem a pessoa humana, que diminuam a desigualdade e fortaleçam a unidade.

Muitos sacerdotes e leigos de equipes me perguntam: como fazer para que as pessoas contribuam? Primeiramente dando testemunho. Depois administrando com retidão, e por fim as tornando sujeitos da administração. Elas têm o direito de saber o quê? Por quê? Para quem? E como? Os recursos são utilizados. 
Se o sacerdote deseja fazer algo na paróquia, antes deve esclarecer aos fiéis, contar com a participação deles, envolvê-los do pensar ao agir, para tanto, estes, precisam saber exatamente aonde se quer chegar, e devem ser consultados para sugestões de como chegar onde todos desejam. E que todo o processo não irá beneficiar a uns e outros, mas a todos.

É difícil este tipo de administração?

Difícil é derrubar paradigmas. Promover mudanças. Reconhecer que é preciso refazer o caminho. A administração participativa é a resposta a muitos dos desafios da modernidade.

Invista na Pastoral do Dízimo, realize em sua paróquia o projeto Dízimo e as Obras de Misericórdia. Invista também no conselho econômico com palestras, treinamentos que ofereçam instrumentos eficazes de gestão.
Invista nos leigos e nas leigas. Confie na participação consciente deles.

Só assim, poderemos na prática, demonstrar o que nós cristãos esperamos dos candidatos. Saberemos cobrar por projetos, fiscalizar as ações e lutar, no pleno exercício de nossos deveres, pela correta aplicação dos direitos. 

Seremos então, melhores cidadãos.

Aristides Luis Madureira é Missionário Leigo, com formação em Comunicação e Graduado em Processos Gerenciais. Sócio-Diretor da Editora A Partilha, Autor de vários livros, dentre eles destacam-se: “Dízimo em 30 Segundos – Partilhando a Vida em Família – Pastoral da Partilha Manutenção”. É o idealizador do projeto ‘Dízimo e as Obras de Misericórdia’ mencionado neste artigo.

Leia também: 
 - Como desenvolver estratégias pastorais junto aos dizimistas em tempos de crise?


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